NathSchneider
A localização de Santa Maria, no coração do Rio Grande do Sul, está diretamente relacionada ao contexto logístico. Muitos trajetos envolvem a região central do Estado, e acabam por incluir as rodovias federais BR-287, BR-158 e BR-392 (Travessia Urbana), bem como as rodovias estaduais ERS-509 e RSC-287, que passam pela cidade. Neste cenário, as condições das cinco rodovias afetam milhares de condutores e algumas delas são motivos de impasses para se chegar a soluções.
O principal motivo da reclamação nas estradas segue o mesmo dos últimos anos: o constante furto dos fios dos postes que deveriam iluminar as rodovias e, consequentemente, a falta de iluminação nas vias, que causam insegurança para quem transita.
Para piorar o problema nas rodovias estaduais, há ainda a ausência de acordo firmado entre a prefeitura de Santa Maria e o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
Acidentes
Conforme reportagem sobre mortalidade no trânsito publicada em junho pelo Diário, quase metade dos acidentes com morte nos últimos três anos (entre 2019 e 2021) aconteceram entre as 18h e as 23h59min, segundo dados do município. As noites de sábado são o período da semana com maior número de ocorrências de acidentes fatais.
Trecho da BR-287. Fotos: Nathália Schneider (Diário)
Incidência
Em reportagem do mês de abril, o Diário acompanhou a ausência de iluminação nas rodovias BR-158, entre o Trevo do Castelinho e a Faixa de Rosário, bem como da BR-287, no trevo de acesso ao Bairro Santa Marta, e no trecho da RSC-287, que abrange os bairros Cerrito, São José e Camobi.
Nessas rodovias, diversos pontos estavam sem luz, comprometendo a segurança dos motoristas, pedestres e moradores das proximidades. Alguns destes pontos seguem às escuras. Outros, já tiveram a iluminação restabelecida.
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Polícia
Quando acontecem, as ocorrências de furto de fios são apresentadas à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Segundo o delegado titular da DPPA, Eduardo Machado, quando há um suspeito, este também é conduzido à delegacia. Na confecção da ocorrência, o delegado plantonista faz uma análise de toda a situação que é apresentada naquele momento para ver a possibilidade da lavratura do auto de prisão em flagrante.
Ainda conforme Machado, se a fiança não é paga em caso de furto simples ou ainda se o delegado plantonista entender que o caso que está sendo apresentado, enquadra-se como furto qualificado, como por exemplo, quando o furto é praticado por duas ou mais pessoas, nesse caso os suspeitos são encaminhados ao presídio sem direito à fiança.
– A pena para este delito é uma pena mais alta, uma pena de até oito anos, que proíbe o delegado de conceder fiança nestes casos.
Furtos
Conforme a Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento, os fios de cobre são os principais objetos de furto. No momento não há estimativas de número de ocorrências de furto de fios por mês, mas, conforme o delegado Eduardo Machado, o número é significativo.
BR 158 próximo ao trevo da Fiat.
Impasse na RSC-287 e ERS-509 deixa rodovias da Região Leste no escuro
Na RSC-287, mais conhecida como Faixa Nova de Camobi, e na ERS-509, também conhecida como Faixa Velha de Camobi, a situação é semelhante. Comparando as duas, a Faixa Nova possui maior carência de iluminação nos trevos de acesso aos Bairros São José, Diácono João Luiz Pozzobon e na Estrada dos Pains, que estão mais escuras.
Conforme a assessoria do Daer, iluminação pública “não é e nunca foi competência do órgão”, e afirma que a autarquia responde por pavimentação e conservação da rodovia. Já a prefeitura informou que a iluminação da ERS-509 e da RSC-287 não são de responsabilidade do Executivo e, sim, do Daer.
“Para que seja responsabilidade da prefeitura, é preciso que seja formalizado acordo entre Daer e município. Apesar disso, o Executivo pode ficar apenas responsável pela manutenção da iluminação pública no trecho. Outros serviços de infraestrutura, como pavimentação, iluminação, drenagem e desapropriação são de responsabilidade do Daer ou do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), dependendo da rodovia. Contudo, Santa Maria não tem tal termo assinado com os departamentos citados”, declarou a prefeitura municipal em nota.
BR 392 próximo ao trevo da Uglione
Furtos são problemas na Travessia Urbana
O projeto de duplicação das BR-158/287 – Travessia Urbana – tem previsão de conclusão para junho de 2023. Conforme o Dnit, no trecho entre os viadutos do Castelinho e do Uglione ocorrem com frequência furtos dos cabos de energia, deixando o viaduto dos bairros Uglione, Cerrito e Duque de Caxias sem luz. O órgão afirmou orientar às construtoras registrar os furtos junto à polícia. O consórcio está fazendo levantamento dos danos causados para realizar a recuperação de toda a rede. Toda a iluminação danificada na Travessia Urbana será refeita.
No final de junho foi religada a iluminação na duplicação da Travessia Urbana, no trecho perto do Shopping Praça Nova. A luz em todo o trecho da passagem inferior do Patronato estava apagada em função de furtos de cabos de energia. Para dificultar a vida dos ladrões e tentar evitar novos furtos, a ligação dos cabos foi alterada: passou a ser usada uma fiação aérea entre um poste e outro.
No Lote 2, que compreende o trecho entre o viaduto da Uglione e a ponte sobre o Arroio Taquara, já foi restabelecida a luz no viaduto de acesso ao Bairro Tancredo Neves. Ainda será recuperada a rede entre a ponte do Arroio Cadena e Urlândia.
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Sobre a BR-392, a reportagem questionou ao Dnit sobre as obras, incluindo a trincheira próxima do trevo da Uglione, bem como o acesso aos Bairros Dom Antônio Reis, que hoje está sem iluminação e com sinalização precária.
Para amenizar o transtorno, no viaduto da Uglione, que está sem iluminação, foi transferido o canteiro de obras das empresas para a parte inferior do viaduto. Busca-se uma alternativa para viabilizar uma rede provisória para garantir uma iluminação básica na rotatória. A iluminação da interseção está prevista para ocorrer com avanço da obra.
Sobre a sinalização com tubos no acesso ao Bairro Dom Antônio Reis, o Dnit informa que é um meio provisório de possibilitar que a comunidade acesse o bairro durante a construção da trincheira prevista no viaduto da Uglione. “Para garantir acessibilidade aos bairros, o Dnit também construiu um trevo para retorno a cerca de 800 metros da antiga entrada, que também serve aos moradores dos bairros Tomazetti, Lorenzi, Condomínios Real Park e Parque das Oliveiras”.
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